FUTEBOL ANTROPOFÁGICO
Por: Letícia Rodrigues
Ninguém seria capaz de duvidar o quanto o Brasil influenciou e ainda influencia no modo de se jogar o futebol. Seja pela ginga ou pelos anos consecutivos de vitórias maiúsculas e incontestáveis. Daí a origem do futebol antropofágico. Era inglês e virou nosso.
Nos últimos anos, as coisas mudaram de figura, eles levaram o nosso e o nosso virou deles. E cada dia mais, o futebol brasileiro vai caminhando para lugares longe de suas origens.
A pandemia que nos assola, transformou novamente o futebol em lugar de discussão, pois político ele sempre foi, muito me admira o quanto as pessoas querem dissociar as duas coisas que acabam por ser uma só. Clubes de massa, como Corinthians e Flamengo se acovardam frente as federações em um momento que não se poderia. A origem importa, a história mais ainda, e essa vem sendo manchada a cada dia. Virou negócio a paixão do povo, e isso acaba por realmente deixar o nosso futebol mais deles e menos nosso.
Jogadores e clubes precisam com urgência entender seus lugares e sua função na sociedade, principalmente nos tempos que vivemos e usar sua voz pra mudar o cenário e não contribuir com algo que é prejudicial a uma população já arrasada, o caso do Gabriel Barbosa, o Gabigol, é um exemplo claro de quão não é entendido por ele o papel na sociedade que ele desempenha. Vide as campanhas de vacinas que já contaram com Pelé e outros ídolos do país. As falas de Walter Casagrande nos últimos dias exemplificam o quão é falha a formação dos jogadores que são vistos normalmente como salvadores da pátria.
Saudades do doutor Sócrates, aquele que viveu isso com maestria e coragem. Ele sim nos salvaria da barbárie da omissão que domina o “nosso” futebol nesses tempos difíceis.